Quando vamos a uma feira livre ou a uma quitanda possivelmente nos damos conta da enorme variedade de frutas, legumes e verduras que o Brasil e o mundo tem a nos oferecer, não é mesmo? É uma verdadeira explosão de cores e sabores, capaz de deixar qualquer um confuso para definir a quantidade exata de espécies vegetais que podemos consumir.
Mas se você acha a variedade ofertada grande, vai se surpreender com uma notícia: toda essa variedade que conhecemos, e até as novidades que vez ou outra recheiam as prateleiras, são somente uma fração das espécies naturais que podemos comer. E o fato não é uma falha deixada pelos revendedores.
Existem mais de 400 mil espécies de plantas no mundo, e cerca de 300 mil são comestíveis. Só que consumimos apenas 200 mil das espécies próprias para consumo humano.
Para se ter uma noção da importância dos vegetais, a maior parte das proteínas que o ser humano consome têm origem em três espécies: milho, arroz e trigo. Imagine só quantos nutrientes não existem em cerca de 100 mil espécies que nunca consumimos?
Já se acreditou que consumimos poucos vegetais por medo de intoxicação, mas essa ideia já foi descartada, pois até mesmo as espécies que consumimos têm algum componente tóxico, e com o passar do tempo achamos uma forma evolutiva de nos adaptar e lidamos com essas substâncias sem maiores prejuízos à nossa saúde.
O próprio processo de domesticação dessas espécies, com produções em larga escala foi responsável por diminuir a quantidade de substâncias perigosas em algumas espécies, e a forma de consumo pelos humanos, o cozimento, faz essas plantas se tornarem digeríveis.
A explicação correta para o fato de consumirmos somente 0,06% das espécies vegetais comestíveis é que escolhemos plantas com vida reprodutiva monótona, com processos generalizados, como polinização por vento ou ação de insetos. Esse fato possibilita um maior controle e uma produção em larga escala.
O processo de industrialização da produção não nos deixa usufruir, por exemplo, de cerca de dez espécies diferentes de orquídeas, que seriam próprias para consumo, simplesmente porque a sua fertilização depende de um inseto muito específico, e este só sobrevive no seu habitat, fato que encareceria muito a produção. A única orquídea produzida para consumo é a orquídea da baunilha, que permite polinização manual e que também só é cultivada, pois possui um alto valor de mercado.
Mesmo que dominemos técnicas de fertilização e reprodução de algumas espécies, há uma preocupação global, com a queda da população de abelhas e a explicação é bem óbvia: o consumo de frutas.
Embora as principais plantas que nos dão calorias possam se reproduzir sem a ajuda de abelhas, a extinção dessa espécie poderia causar dificuldades para a produção de frutas, já que as espécies frutíferas precisam da polinização desses insetos para produção de seus frutos.
Parar de comer frutas não mataria a espécie humana, mas prejudicaria a ingestão de vitaminas e, consequentemente, nossa saúde. Por isso, é importante manter essas espécies de insetos polinizadores.
Com toda essa indústria dos alimentos, apenas 10 espécies são mais consumidas pelos humanos. São elas: arroz, trigo, milho, mandioca, batata, batata-doce, soja, inhame, sorgo e banana.
Segundo os especialistas, deveríamos cultivar mais espécies, aumentando a variedade de plantas, mesmo que com menor valor nutricional, mas que sejam mais sustentáveis para um futuro próximo.
Ainda segundo eles, diferentemente de nossos ancestrais, entendemos o ciclo reprodutivo das plantas, e não há explicação para que não haja investimentos para aumentar nosso cardápio natural.
Por Patrícia Generoso
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